SOBRE MARIA...

=Lucas 2.19=
Oscilamos, os cristãos, entre desvalorizar Maria, a mãe de Jesus, e supervalorizá-la. De um lado, uns perdemos a noção seu valor no plano de Deus para a salvação do mundo, como se o seu gesto de atender ao pedido de Deus para abrigar o próprio Deus em seu ventre fosse uma decisão menor. Alguns teólogos orientais antigos chegaram a chamá-la de "theotokos", isto é, "portadora de Deus" ou "mãe de Deus". Estavam certos se o título é tomado no sentido de que Maria deu à luz o próprio Deus, já que Jesus era plenamente Deus, embora também plenamente homem. Por outro lado, uns não prestamos a devida atenção aos Evangelhos e exaltamos Maria a um posto mais elevado que lhe convém. Num certo cristianismo, ela é elevada ao status de Deus. Pensam alguns que ela não teve outros filhos, apenas Jesus. Agostinho está nas origens desta perspectiva: "Crê-se que Jesus foi concebido no dia 25 de março, o mesmo dia em que morreu; assim, o ventre da Virgem, em que foi concebido, onde nenhum mortal foi gerado, corresponde ao sepulcro novo em que ele foi enterrado, onde nenhum homem foi posto, nem antes, nem depois. Mas ele nasceu, segundo a tradição, em 25 de dezembro". Uma leitura do Novo Testamento nos coloca numa perspectiva equilibrada. Temos muito a aprender com Maria. Destaquemos hoje apenas uma, dentre tantas, de suas atitudes. Depois de ter dado Jesus ao mundo e ter recebido a visita dos pastores de rebanho, na mesma noite, dela Lucas, arguto observador, registra: "Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração".
=(Lucas 2.19)=
Diante de acontecimentos extraordinários, Maria dispôs o seu coração de modo sublime. 1. Maria nos faz um convite. Ela nos convida a uma vida que reflete. Desde quando o anjo a encontrou, em lugar de ficar assustada, Maria recebeu com alegria a missão de guardar Jesus no seu ventre por nove meses. Agora, que os pastores lhe contam que foram avisados por anjos do nascimento do seu filho, ela vê que o projeto de Deus se confirma a cada dia em sua vida. Ela, então, podemos concluir, se dispôs a pensar sobre o seu lugar no projeto de Deus para o mundo. Ao guardar "todas estas coisas" e sobre elas refletir "em seu coração", Maria faz um convite a uma vida que pensa; ela nos adverte contra a superficialidade. Em toda a Bíblia, somos chamados a pensar, a refletir. Não há contradição entre fé e reflexão; ao contrário, há uma íntima conexão. Como reconheceremos nossos pecados, senão olhando criticamente nossos gestos? Como adoraremos a Deus, senão imaginando Deus recebendo nossos louvores? A fé jamais é cega. A fé pode não compreender todas as coisas, como Maria certamente não entendeu, mas a fé deve refletir sobre todas as coisas. 2. Maria nos ensina. Ela nos mostra a hora de falar e a hora de calar. Quantas vezes, falamos na hora de calar! Quantas vezes, calamo-nos quando devíamos falar. Diante da plateia de pastores, Maria podia se exaltar e mostrar o seu lugar no plano de Deus. No entanto, ela se calou. Diante de pastores curiosos para saber como foram as coisas, Maria optou por ficar silenciosa. Quantas vezes, entristecidos porque não reconhecem o nosso papel, falamos para que se nos faça justiça. Queremos que os nossos atos sejam reconhecidos e então falamos, para mostrar que somos dignos de elogios. Se há méritos em nós, que os outros falem. Se os outros não falarem, que Deus nos abençoe com um "Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! "
=(Mateus 25.23).=
Quantas vezes, desatentos, temos algo a dizer e nos calamos, por comodismo, por egoísmo ou por vergonha. Quantas vezes, por exemplo, deixamos de convidar alguém para participar de uma reunião ou oportunidade capaz de dar um novo sentido à sua vida! Quantas vezes, nos esquecemos que "a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo"
= (Romanos 10.17).=
3. Maria se torna um modelo. Ela nos mostra que devemos ser meios de graça para outras pessoas. Devemos exaltar Maria. Deus precisou do seu ventre e ela se dispôs a atendê-lo. Devemos exaltar Maria. Deus precisou de suas mãos para cuidar do menino Jesus e ela o atendeu. Devemos exaltar Maria. Deus precisou que ela acompanhasse Jesus e ela o obedeceu, sem amá-lo mais do que aos seus outros filhos e sem dispensar mais tempo para ele do que para os outros. Devemos exaltar Maria. Deus precisou que ela estivesse ao lado de Jesus na cruz e lá estava ela. Maria teve um papel fundamental no ministério de Jesus. Como mãe sábia, que equilibra presença e distância, do filho, ela participou de momentos marcantes na vida de Jesus. Ouso dizer que ela introduziu Jesus em muitos círculos. A história de Caná nos dá esta sugestão: quando fez seu primeiro milagre, ela estava ao seu lado, tendo ativa participação no desenvolvimentos dos fatos.
=(João 2.1-12).=
Também temos um papel fundamental no ministério de Jesus. Ele "veio buscar e salvar o que estava perdido”
=(Lucas 19.10) =
e ele encontra as pessoas por NOSSO intermédio, não através de sonhos ou visões (que até podem excepcionalmente, a seu critério acontecer), mas ESSENCIALMENTE através do NOSSO testemunho e de NOSSA palavra. Eis a pergunta: se dependerem de nós, os perdidos vão encontrar Cristo? Deus precisa de nós. A história de Maria é a história de uma mulher que se pôs como meio de graça para os outros alcançarem a salvação.
=PR.ISRAEL BELO DE AZEVEDO.=