quinta-feira, 13 de março de 2014

Se Jesus transformou a água em vinho, Ele pode e vai transformar seu choro em alegria.


=O Relógio=


O colégio onde eu estudava quando menina, costumava encerrar o
ano letivo com um espetáculo teatral.
Eu adorava aquilo, porém nunca fora convidada para participar,
o que me trazia uma secreta mágoa.
Quando fiz onze anos avisaram-me que, finalmente iria ter um papel
para representar.
Fiquei felicíssima, mas esse estado de espírito durou pouco.
Escolheram uma colega minha para o desempenho principal.
A mim coube uma ponta de pouca importância.
Minha decepção foi imensa.
Voltei para casa em prantos.
Mamãe quis saber o que se passava e ouviu toda a minha história
entre lágrimas e soluços.
Sem nada dizer ela foi buscar o bonito relógio de bolso de papai e
colocou-o em minhas mãos, dizendo :
— Que é isso que você está vendo ?
— Um relógio de ouro com mostrador e ponteiros.
Em seguida mamãe abriu a parte traseira do relógio e repetiu a pergunta :
— O que você está vendo ?
— Ora mamãe, aí dentro parece haver centenas de rodinhas e parafusos.
Mamãe me surpreendia, pois aquilo nada tinha a ver com o motivo do meu aborrecimento.
Entretanto, calmamente ela prosseguiu :
— Este relógio tão necessário ao seu pai e tão bonito seria absolutamente inútil
se nele faltasse qualquer parte, mesmo a mais insignificante das rodinhas ou
o menor dos parafusos.
Nós nos entrefitamos e no seu olhar calmo e amoroso, eu compreendi que sem que
ela precisasse dizer mais nada.
Essa pequana lição tem me ajudado muito a ser mais feliz na vida, aprendi com a
máquina daquele relógio quão essenciais são mesmo os deveres mais ingratos
e difíceis, que nos cabem a todos.
Não importa que sejamos o mais ínfimo parafuso ou a mais ignorada rodinha, desde que
o trabalho, em conjunto, seja para o bem de todos.
E percebi também que se o esforço tiver êxito o que menos importa são os
aplausos exteriores.
O que vale mesmo é a paz de espírito do dever cumprido.

(AD)

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