quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O consolo de Deus é estranho, mas funciona......


A mágica de Deus nem sempre é retirar o espinho na carne .
O desabafo sincero é o ralo por onde se escoam as lágrimas.
Baruque era contemporâneo do profeta Jeremias. Era seu escriba,
porta-voz e amigo. Foi ele quem escreveu a primeira e a segunda
edição do livro que registra tudo o que Deus disse a Jeremias a
respeito de Israel e de outras nações, na época anterior à destruição
de Jerusalém pela Babilônia, nos anos 600 antes de Cristo. Jeremias
ditava e Baruque escrevia.
Foi também Baruque quem leu o livro em voz alta, duas vezes, primeiro para
o povo reunido no templo e, depois, para um seleto grupo de líderes em
lugar mais reservado. Depois da privilegiada oportunidade de escrever e
tornar conhecido o conteúdo do livro, Baruque teve uma crise depressiva
muito forte e desabafou: “Ai de mim! O Senhor acrescentou tristeza ao meu sofrimento.
Estou exausto de tanto gemer, e não encontro descanso.
” (Jr 45.3).
Não é difícil entender o problema emocional de Baruque. Ele teve experiências
muito chocantes em seu ministério ao lado de Jeremias. Ambos esperavam,
como consequência da leitura do livro, que o rei e o povo se convertessem
de sua má conduta e, então, recebessem o perdão do Senhor. Aconteceu o contrário:
quando o livro era lido pela terceira vez, agora na presença do rei Jeoaquim,
em seu palácio de inverno, “cada vez que Jeudi terminava a leitura de
três ou quatro colunas, o rei cortava com uma faquinha aquele pedaço do
rolo e jogava no fogo [...] até que o rolo inteirinho virou cinzas.
” (Jr 36.23-24, NTLH).

Além do mais, Baruque chorava porque corria risco de vida, porque
estava por dentro das iniquidades praticadas pelo povo, porque tinha
conhecimento do juízo de Deus prestes a se abater sobre o povo e
porque ele próprio estava ao alcance das desgraças que se sucederiam,
mesmo não participando da corrupção generalizada.
Baruque não era o único a se queixar de exaustão. Alguns de seus contemporâneos
faziam o mesmo: “Estamos exaustos e não temos como descansar” (Lm 5.5).
A exaustão emocional dói mais que a exaustão física, e a exaustão
espiritual dói ainda mais. Baruque agiu como os outros agiram: derramou
a sua alma perante o Senhor. O desabafo sincero é o ralo por onde
se escoam as lágrimas.
O consolo de Deus é estranho, mas funciona. A cura que ele opera não
é superficial. Deus não apenas oferece o lenço para o sofredor enxugar
as lágrimas, como também ensina a pessoa a lidar com os problemas da vida.
Baruque queria ser uma exceção.
Como muitos crentes de hoje, sob a alegação de que são “filhos do Rei”,
o escriba queria ir para uma sala VIP, queria uma espécie de salvo-conduto,
esconder-se dentro de uma redoma onde pudesse se proteger da famosa tríade
(guerra, fome e peste) que estava assolando a nação e encontrar água e
comida à vontade e por muito tempo. Todavia, Deus lhe perguntou:
“Será que você está querendo ser tratado de modo diferente?” (Jr 45.5, NTLH).

A mágica de Deus nem sempre é retirar o espinho na carne no momento em que
nós o desejamos, mas tornar mais abundante e mais suficiente a sua graça
(2 Co 12.7-10). Naquele momento histórico, era necessário “arrancar,
despedaçar, arruinar e destruir” a nação pecadora (Jr 1.10).
Posteriormente, porém, depois da humilhação e da quebra da cerviz dura,
Deus estaria disposto a reverter o quadro, reedificar o que havia derrubado
e replantar o que havia sido arrancado .
(Jr 31.4, 28, 40).
Baruque não teria uma redoma para se proteger, mas Deus o deixaria
escapar com vida onde quer que ele fosse, em meio às ameaças e às
desgraças da guerra, da fome e da peste .
(Jr 45.5). Elben M. Lenz César- Ultimato.

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